terça-feira, 31 de agosto de 2010

Há quem diga que uma imagem vale mais do que mil palavras, ou que uma fotografia é a captação dogmática da realidade...Discordo!
Dizem também que a imagem permanece para a eternidade, mas o que é a imagem se não há entendimento dela, se não existe observação, se não há Homem com vida?
E é sentado, contemplando o rio defronte que mergulho nestas deambulações mentais. É nesta Lisboa que me alieno da realidade, ao menos tento, e procuro observar, de forma imparcial, a molécula da vida.
Este rio prende-me ao mesmo tempo que oiço vozes, tilintares de colheres, pratos no balcão, hu hu o batido está pronto, a campainha toca: - Heii, sai um batido para a mesa 3.
O rio é enorme, soberbo ele, mas nem por isso é mais frenético que estes 30 metros que me rodeiam. E que bom que o são assim, estes 30 espaços medidos em formas geométricas.
Nesta ebolição de vida acalmo-me, nesta Lisboa que tem de ser vivida e descrita por palavras, respiro!
Pois não vivo numa imagem em pausa, vivo na vida da imagem, vivo na realidade daquilo que capturo com as minhas duas esferas sensasoriais e de nenhuma outra forma arrisco-me a viver.
Amo Lisboa, é certo; amo-a por tão bem ficar no quadro da minha sala, mas ainda mais por eu fazer parte dela.

3 comentários:

  1. O lugar ao qual pertencemos é sempre bonito :)
    E mostras-te que Lisboa não é sempre aquela confusão ao qual associamos sempre :)

    ResponderEliminar
  2. até me deste vontade de viver em lisboa :)

    ResponderEliminar
  3. Eu sugeri que ainda hoje passaria por aqui e deixaria algumas palavras, simples testemunhos de uma passagem pelo blogue, mas este comentário transcede esse livre compromisso, pois deparei-me, à entrada deste espaço, com um texto que trata algo com um significado tão relevante para mim. No meu quotidiano vivo a existência com a mente coberta de paixões de espírito que, associadas a preocupações, preenchem toda a vacuidade que uma cabeça pode possuir. Mas, ao lado de todas essas paixões do espírito, sustenho uma única paixão física, material: essa paixão é a sensação que Lisboa me concede à imagem das suas colinas e dos traços que plantou por aqueles vales. Partilho, portanto, da sensibilidade que aqui decidiste mostrar, e penso que nada mais é necessário dizer: porque as palavras também podem valer mais do que mil imagens, quando correctamente ponderadas, mas, neste caso, quando duas pessoas partilham um gosto, a imagem desse gosto não exige mais descrição.

    :)

    ResponderEliminar