Querido Eu
Como tens passado?
Há tanto tempo que te conheço, desde pequeno sigo a tua vida, as tuas pegadas, o teu sofrimento, o teu sorriso característico. Vivo contigo cada dia, cada hora, cada minuto cada segundo do teu constante ser, e a cada segundo efémero da tua vida, sinto-me tu. Sinto-me tu numa mudança constante que me muda, sinto-me a mudar contigo e vejo a nossa evolução conjunta. Às vezes olho-te de cima, as vezes não sou tu, as vezes estou alienado de ti, pela sociedade que me mecaniza a mim e aos meus movimentos. Hoje eu sou tu, amanhã deixarei de ser o que foste e passarei a ser o teu novo tu. Assim sou eu.
Cada dia mudo, e deixo de ser o que fui, passo a ser o que sempre quis, passo a ser o reflexo do que projectei em mim... Mas há escolhas que tu fazes e afectam-me. Aliás há decisões as quais não nos compete opinar mas afectam-nos de tal maneira… Meu querido Tu tomara que não fossemos exactamente o que somos e fossemos outra coisa qualquer. Mas a verdade é que se fossemos outra coisa qualquer já não seriamos Eu ou Tu, seriamos outra coisa.
Querido tu,
Esta carta é para ti, é por me acompanhares; estou tão orgulhoso de ti, mas as vezes fazes-me sofrer tanto. Às vezes dói tanto ser tu e não ser aquele outro que gostaria de ser. Não sou o que querem que eu seja. Não sou perfeito. Meu eu, meu tu, hoje olho para o computador e desabafo contigo, alias comigo porque tu és eu. Somos um só que nos vemos no espelho unilateral da vida, esse espelho a que eu e tu temos acesso por esta maquineta a que a tecnologia chamou de computador.
Foi um prazer conhecer-te querido tu, querido Eu.
Hoje eu sou tu.
Com os melhores cumprimentos
Do teu eu-sombra ou do teu tu-eu verdadeiro.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
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